Você sabia que a Igreja Católica já tem mais de trinta santos e beatos que morreram dentro dos últimos cinquenta anos? Em novembro, quando o padre carmelita Maria Eugênio do Menino Jesus for beatificado, ele será a 36ª pessoa falecida nos últimos cinquenta anos a ser beatificada.
Esse espaço de tempo coincide ainda com o período após o Concílio Vaticano II (1962-1965), a grande assembleia de bispos do mundo todo convocada pelo papa São João XXIII e cujas conclusões eram chamadas por São João Paulo II e Bento XVI de “bússola segura” para a Igreja de hoje. O encerramento do Concílio Vaticano II completou cinquenta anos em dezembro de 2015.
Entre os 36 santos e beatos desse período, temos dezesseis padres (sendo quatro religiosos), dez religiosas, cinco bispos (incluindo dois papas), quatro leigos e um religioso que não era padre. Nove deles são mártires. Dos 36, seis já foram canonizados.
Há duas brasileiras natas na lista, Dulce Lopes Pontes e Lindalva Justo de Oliveira, além de um padre espanhol que trabalhou e morreu no Brasil, Mariano de la Mata. Quanto ao país de origem, então, os 36 santos e beatos desse período se dividem assim: treze italianos, sete espanhóis, seis poloneses, duas brasileiras, um sul-africano, um francês, uma nicaraguense, um salvadorenho, uma mexicana, uma albanesa, um eslovaco, um indiano.
Quando se considera o país em que se viveu, trabalhou e morreu, entram nessa pluralidade de lugares do mundo o Equador, o Peru, a Costa Rica, a China, o Mianmar, o Cazaquistão e os Estados Unidos.
O Beato Maria Eugênio do Menino Jesus (1894-1967), um carmelita francês, será beatificado em novembro.
São Pio de Pietrelcina (1887-1968) alcançou grande fama já em vida; ele tinha feridas como a dos estigmas de Jesus nas mãos e nos pés.
A Beata Maria Troncatti (1883-1969) era italiana, mas trabalhou no Equador por mais de quarenta anos e lá morreu, em um acidente de avião.
O Beato Manuel Lozano Garrido (1920-1971) era um jornalista, portador de deficiência física, que viveu com confiança e alegria em meio às dificuldades de sua condição.
O Beato Tiago Alberione (1884-1971) fundou a família paulina, para evangelizar através dos meios de comunicação social.
A Beata Maria Rosa de Jesus (1917-1972) trabalhava em asilos de sua congregação. Morreu de tuberculose.
Agostinho Thevarparampil (1891-1973) era conhecido como Kunjachan, “padrezinho” em um dialeto da Índia, onde nasceu, viveu e serviu os mais pobres.
Santa Maravilhas de Jesus (1891-1974), mesmo sendo religiosa de clausura, fundou um colégio para crianças pobres e se preocupava com os necessitados.
O Beato Ladislau Bukowiński (1904-1974) foi beatificado no mês passado. Nascido na Ucrânia, ele era de nacionalidade polonesa e trabalhou no Cazaquistão. Foi preso em duas ocasiões em gulags, os campos de concentração soviéticos.
O Beato Miguel Sopocko (1888-1975), tendo sido diretor espiritual de Santa Faustina Kowalska, foi um grande propagador da devoção à Divina Misericórdia.
São Josemaria Escrivá (1902-1975) fundou o Opus Dei, que enfatiza a busca de santidade através das ocupações do cotidiano e da vida profissional.
O Beato Basílio Hopko (1904-1976) foi um bispo da Igreja Greco-Eslovaca Católica martirizado durante a ocupação comunista.
O Beato Gabriele Allegra (1907-1976), um frade franciscano, foi o primeiro a traduzir completamente a Bíblia para o chinês. Italiano, viveu na China por mais de quarenta anos e lá morreu.
A Beata Maria Romero Meneses (1902-1977), nascida na Nicarágua, é conhecida como “a apóstola social da Costa Rica”, onde trabalhou.
O Beato Luigi della Consolata (1922-1977) foi um religioso enfermeiro em instituições que cuidavam de necessitados.
O Beato Paulo VI (1897-1978) foi o papa que conduziu a maior parte do Concílio Vaticano II e publicou seus documentos. Seu pontificado deu forma ao modo de exercer o ministério petrino nos tempos atuais.
O Beato Oscar Romero (1917-1980) foi arcebispo de San Salvador, onde se destacou na defesa da população mais oprimida. Foi assassinado enquanto celebrava a missa, a mando de militares ligados ao governo de direita salvadorenho.
A Beata Maria Bolognesi (1924-1980) foi leiga e trabalhou no campo a vida toda. De profunda vida de oração, estava sempre atenta às necessidades dos pobres.
A Beata Maria Inês Teresa do Santíssimo Sacramento (1904-1981), nascida no México, mudou-se com a família para os Estados Unidos fugindo da perseguição aos católicos em seu país natal e fundou duas congregações depois de retornar.
O Beato Mariano de la Mata (1905-1983) nasceu na Espanha, mas viveu mais de cinquenta anos no Brasil. Morreu na cidade de São Paulo.
A Beata Esperança de Jesus (1893-1983) fundou duas congregações, uma na Espanha, onde nasceu, e outra na Itália, onde morreu.
O Beato Luigi Novarese (1914-1984) se dedicou a fundar diversas instituições para o cuidados dos pobres, deficientes e enfermos.
O Beato Jorge Popiełuszko (1947-1984) foi assassinado barbaramente pelo governo socialista polonês, por criticar o regime e apoiar os sindicatos que se opunham a ele.
O Beato Clemente Vismara (1897-1988) era italiano, mas passou 65 anos como missionário no Mianmar, no Sudeste Asiático.
O Beato Benedict Daswa (1946-1990) era um professor sul-africano, casado e pai de oito filhos. Convertido ao catolicismo na juventude, ele foi morto por membros de sua tribo depois de se recusar a contribuir com uma vaquinha para pagar os serviços de um curandeiro.
A Beata Chiara Badano (1971-1990), chamada de “Luce” (luz), foi uma jovem do Movimento dos Focolares que, acometida por um tumor ósseo, viveu em meio às contrariedades com uma alegria contagiante.
A Beata Dulce Lopes Pontes (1914-1992), conhecida como o “anjo bom da Bahia”, trabalhou incansavelmente ao serviço dos pobres em Salvador.
A Beata Lindalva Justo de Oliveira (1953-1993) também trabalhava em Salvador, em um asilo, quando foi morta por um homem com problemas psicológicos que vivia na casa, depois de recusar os seus assédios.
Os Beatos Miguel Tomaszek (1960-1991), Zbigniew Strzałkowski (1958-1991) e Alessandro Dordi (1931-1991), comprometidos pacificamente em favor dos pobres no Peru, onde eram missionários, foram mortos por membros da guerrilha comunista Sendero Luminoso. Os dois primeiros eram franciscanos poloneses e o último um missionário italiano.
O Beato Giuseppe Puglisi (1937-1993), conhecido como “Pino”, foi morto por membros da máfia italiana, por denunciar continuamente as barbáries cometidas pelo grupo.
O Beato Álvaro del Portillo (1914-1994) foi o sucessor de São Josemaria Escrivá na liderança do Opus Dei.
Santa Teresa de Calcutá (1910-1997) fundou na Índia as Missionárias da Caridade para cuidar dos mais pobres entre os pobres. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1979 e foi uma das mulheres mais influentes de seu tempo.
Santa Maria Puríssima da Cruz (1926-1998) dedicou sua vida aos pobres, doentes e jovens e foi superiora de sua congregação, a Companhia da Cruz.
São João Paulo II (1920-2005) foi um dos homens mais influentes do século XX e o seu longo pontificado, durante o qual visitou mais de cem países, é um dos mais relevantes de todos os tempos. Homem de profunda oração e grande evangelizador, sofreu um atentado a bala em 1981 e uma longa enfermidade nos seus últimos anos de vida.
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Por Felipe Koller
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