Critérios de chamamento
1. Nossas fraternidades franciscanas seculares estão espalhadas pelo mundo afora com suas luzes e sombras. Elas são constituídas de irmãos e irmãs que, impulsionados a atingir a perfeição da caridade no próprio estado secular, são empenhados pela Profissão a viver o Evangelho à maneira de Francisco e mediante a Regra aprovada pela Igreja ( cf. Regra,2). Entre nós há fraternidades vigorosas e outras envelhecidas e desmotivadas. As portas de tais fraternidades estão abertas a todos os que quiserem privar de nossa maneira franciscana de viver a fé e o evangelho.
2. Os que ingressam na Ordem são seculares, pessoas que vivem no mundo, na família e no trabalho. Normalmente tais pessoas não devem estar submersas por tantas atividades em suas paróquias de tal forma que a Ordem será um apêndice sem importância de suas vidas. Insistimos no caráter secular. Pensamos num laicato marcado pelo ver-julgar-agir. Não basta apenas um laicato devocional e que realiza algumas funções pastorais e litúrgicas. Queremos leigos que estejam num crescimento de sua vocação no meio do mundo. Os franciscanos seculares são leigos de verdade. Nunca é demais insistir nesse aspecto.
3. Podem ser chamados para fazer parte da Ordem Franciscana Seculares aqueles que andam numa séria busca de Deus, que não se satisfazem com a missa dominical e com meia dúzia de práticas religiosas. São pessoas que, aqui ou ali, descobriram Cristo existencialmente e desejam, à maneira de Francisco, segui-lo e compreender melhor seu mistério de abaixamento e kénose. Os melhores candidatos para nossas fraternidades são aqueles que estão em busca. Nunca se haverá de esquecer que os que ingressam na Ordem respondem a um chamamento. Os melhores candidatos são aqueles que têm senso critico diante de comunidades alienadas e preocupadas apenas com o devocional e com uma dimensão caritativa assistencialista ou cultivadores exageradas de emoções.
4. Podem ser chamados para a Ordem Franciscana Secular rapazes e moças, homens e mulheres, solteiros e casados que experimentam vontade de viver o Evangelho e não apenas seguir uma religião formal e legalista. Os que gostam de rezar no silêncio do quarto, os que quando solicitados além do manto dão a túnica, os que não andam atrás de honras e cargos, os que não contentam com aparências e buscam o cerne das coisas. Os franciscanos seculares sentem nos lábios o gosto da espontaneidade como Francisco acolhia os pedidos e exigências do Evangelho.
5. São aptos para fazer a caminhada espiritual da Ordem Franciscana Secular os que desejam desvencilhar de certas amarras da sociedade: dinheiro, sempre mais dinheiro, profissão rentável, sempre mais rentável, sociedade de competição e de esquecimento dos outros, sociedade que usa as pessoas como coisas. Não estão de acordo com o individualismo e o regime ou império do provisório. No fundo, os franciscanos seculares são pessoas contestadoras de uma sociedade que não tem senso crítico, mas cria robôs.
6. Os franciscanos seculares consideram como elemento fundamental de seu modo de viver, de seu gênero de vida a vivência em fraternidades. Os grupamentos em que vivem se chamam fraternidades. Há o sacramento da reunião geral, das visitas aos mais precisados, da oração em comum, da troca de idéias, do carinho mútuo prestado aos de dentro. Muitos que se aproximam da OFS querem ardentemente viver em fraternidades de vida e de oração. Até que ponto as reuniões ferais das fraternidades são expressões eloqüentes da vida de irmãos? Os que não estão dispostos em viver a fraternidade são desaconselhados de entrarem na Ordem Franciscana Secular.
7. Finalmente são excelentes candidatos para a OFS aqueles que estão dispostos a ir pelo mundo, juntos com outros irmãos, fazendo-se presentes na vida de doentes, detentos, dos que precisam encontrar um sentido de sentido de vida. Os que recriminam uma Igreja acomodada sentir-se-ão bem em fraternidades que se querem missionárias.
8. Antes da inserção de novos membros em fraternidades já existentes será preciso que os candidatos sejam apresentados à Ordem em reuniões descontraídas, sem formalismo. Parece importante que candidatos à Ordem participem, durante um tempo, de círculos descontraídos e que permitirão clarear o horizonte antes do começo da formação. Um grupo de simpatizantes com a presença de alguns irmãos, antes dos trâmites normais jurídicos, poderá ser de bom proveito. “Antes do noviciado deveria haver um noviciado para o noviciado”.
(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III
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