Peço ao Pai Onipotente
O dom da inspiração
Para narrar essa história
É própria da ocasião
Não me falte à verdade
Do princípio à conclusão
A santa religião
Pra muitas é lenitivo
Os santos são venerados
Na arca do altar votivo
A Mártir Santa Benigna
Benigna Cardoso da Silva
De Santana, era natural
Nascida no Sítio Oitis
Em Inumas, zona rural
Em solo caririense
Veio de um parto normal
Porém, o seu destino
Logo cedo, de raiz
Arrebatou a donzela
Numa cena infeliz
São os entraves da sorte
Como a ciência nos diz
Mas, órfã de pai e mãe
Vai carpir sua desdita
Porém, de mãos amigas
Com “cirineus” ela habita
Encontra uma família nobre
Na hora extrema e bendita!
Dona Rosa e Honorina,
Duas almas caridosas,
Acolhem a indigente
Nessas horas clamorosas.
A casa é um jardim
Dessas senhoras ditosas...
De uma estatura média
Ainda de tez morena,
Benigna se destacava
Por ser calma e bem serena,
Mesmo com semblante triste
No bosque, era a verbena!
Para seus pais adotivos
Ela era o mimo do lar,
Nos afazeres de casa
Gostava de laborar.
Além disso, muito cedo
Já passou a estudar.
Era uma aluna exemplar,
Resolvia o seu ditado,
Ainda ensinava os outros,
Dos irmãos, ao agregado,
Tudo isso ela fazia,
Sem mau-humor ou enfado.
Frequentava a igreja,
Com muita fé e unção,
Gostava do catecismo,
Tudo de religião,
E nutria no seu íntimo
A Primeira Comunhão.
Mas, quero sua licença
Para mudar de toada.
Benigna, quando criança,
Era por todos amada,
Por grandes e pequeninos
Ela era idolatrada.
Porém, sua sorte ingrata
Em passo lento seguia.
Aquele ser casto e puro
Que de nada desconfia,
Esse era o seu calvário:
‘Me valha, Santa Maria!’
A quadra da meninice
É própria para brincar,
Os folguedos do folclore,
As cantigas de ninar.
Mas mesmo assim a criança
Só gostava de rezar.
Benigna levava a vida
Só imitando o salmista.
Exemplos de temperança
E Deus, a sua conquista.
E depois, Nossa Senhora
Era a sua catequista.
O verso sem embaraço
Segue o prumo da história
Narrada com muito afinco,
Com ideia meritória.
Daí, surgir uma sombra,
Produto vivo da escória.
Santana do Cariri,
Como o nome bem traduz,
Surge um lampejo de fé,
Pois Santa Benigna é luz!
A futura padroeira
De Inhumas, com Jesus!
Mas, voltemos ao início
Desta minha narração
Pra saber todo o desfecho.
Entra Raul na questão,
A cometer desatino
Nessa mesma ocasião.
Nu’a sexta-feira, Raul
Segue o fio da pisada,
Tenta manter um colóquio...
Benigna, por ele amada –
Espécie de amor ardente
O fez armar a cilada.
O momento era aprazado
Para essa tentação.
Aquele caminho ermo
Em meio à vegetação
Obrigou Raul se armar
De um afiado facão.
Pé ante pé ele segue
Para o seu gesto extremado.
Aborda a jovem Benigna
E, em fúria, tresloucado,
Investe contra essa jovem –
Era o crime consumado...
Depois desse ato insano,
Golpes pelo corpo inteiro,
Raul foge do local
Pra distante paradeiro,
Fica a jovem estendida
No estertor derradeiro.
A notícia se espalhou,
A comoção foi geral.
Quando foi o corpo achado,
Cuidou-se do funeral.
Raul Alves escapou
Desse gesto bestial.
Porém, nascia uma fé
Que gerava romaria.
O povo que implorava
Uma graça, recebia
Vinda de Santa Benigna,
Fosse noite, fosse dia.
Eis o primeiro volume
Desta minha narrativa
Do exemplo de Benigna
Que virou história viva.
Depois virá o segundo,
Com a mente sempre ativa
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